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Aparecida | SP

Liberdade religiosa continua sob ameaça, diz Papa em mensagem

Liberdade religiosa, caminho para a paz, é o tema escolhido por Bento XVI para a Mensagem do Dia Mundial da Paz 2011, celebrado tradicionalmente no dia 1º de janeiro, data da Solenidade Litúrgica de Maria Mãe de Deus.

O Pontífice inicia o texto desejando votos de serenidade, prosperidade e paz, indicando que o ano de 2010 foi marcado pela perseguição, discriminação e atos de violência e intolerância religiosa. O Papa classificou esses atos comouma ameaça à segurança e à paz e impedimento para a realização de um desenvolvimento humano autêntico e integral.

“Neste contexto, achei particularmente oportuno partilhar com todos vós algumas reflexões sobre a liberdade religiosa, caminho para a paz”, salienta.

A divulgação do texto aconteceu durante uma coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé na manhã desta quinta-feira, 16, às 8h30 (horário de Brasília – 11h30 em Roma).

Participaram da coletiva de imprensa de apresentação do texto o presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson; o secretário do mesmo Conselho, Dom Mario Toso; e os oficiais do mesmo dicastério, Dom Anthony Frontiero e doutor Tommaso Di Ruzza.

“Esse é o tema da mensagem não somente porque […] está no centro da doutrina social da Igreja, mas também porque a vida da liberdade religiosa continua a ser objeto de ameaça”, ressalta o cardeal Turkson.

Estrutura

A Mensagem é composta por uma Saudação pelo Novo Ano, uma referência introdutória acerca do ataque contra cristãos no Iraque, pelo corpo principal da mensagem – que apresenta o significado da liberdade religiosa e as várias modalidades através das quais ela modela a paz e as suas experiência – e por uma conclusão com reflexões sobre a paz como um dom de Deus e, ao mesmo tempo, tarefa dos homens e mulheres de boa vontade, e dos crentes em primeiro lugar.

Os temas principais da mensagem são:
– Natureza da liberdade religiosa;
– O direito à liberdade religiosa;
– A liberdade religiosa e a missão da Autoridade pública;
– Liberdade religiosa e busca da verdade;
– Liberdade religiosa e identidade;
– Dimensão comunitária da liberdade religiosa;
– Liberdade religiosa e diálogo;
– A liberdade religiosa e o Estado (proteção);
– A liberdade religiosa é motivada pela solidariedade e não pela reciprocidade.

Ameaças à liberdade religiosa

O presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz elenca as principais ameaças sofridas pela liberdade religiosa no contexto atual:

– o secularismo aggressivo, que é intolerante a Deus e a toda a forma de expressão da religião;
– o fundamentalismo religioso, a politicização da religião e a imposição de religiões pelo Estado;
– o nascimento de um relativismo cultural e religioso que se faz sempre mais presente e urgente em nossos dias.

Dom Turkson explica que a Mensagem do Papa é lançada em um contexto de episódios recorrentes de negação do direito universal à liberdade religiosa, situações que “obscurecem a verdade da pessoa humana, desprezam a dignidade das pessoas, comprometem o respeito pelos outros e ameaçam, definitivamente, a paz do mundo”, afirma.

Sobre as vinculações entre liberdade religiosa e o compromisso missionário da Igreja, o Cardeal sublinha que não há contradições ou oposições entre ambos. “A evangelização suscita a liberdade religiosa de toda pessoa e conduz à verdade que salva, na esperança de que as pessoas, na sua liberdade religiosa, tenham o desejo por ela e a abracem. No abraço da verdade que salva, toda a liberdade religiosa goza da paz que, sobre a terra, é concedida ‘a todos que Ele ama’!”

Por sua vez, o secretário do Pontifício Conselho, Dom Mario Toso, garante que Bento XVI, com sua mensagem, convida a “aprofundar a verdade do direito à liberdade religiosa, ou seja, as suas implicações antropológicas, éticas, jurídicas, políticas, civis e religiosas. […] A Igreja defende a dignidade da pessoa e o nexo imediato da liberdade religiosa não somente para os próprios interesses ou vantagem exclusiva. O faz em vantagem de todos”, definiu.