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Aparecida | SP

Cristãos são os mais perseguidos no mundo

Os cristãos são o grupo religioso mais discriminado no mundo e o que mais sofre com a recorrente violação do direito à liberdade religiosa e de crença.

“Mais de 200 milhões desses, pertencentes a confissões diversas, encontram-se em situações de dificuldade, devido às estruturas legais e culturais que lhes discriminam”, disse o secretário do Pontifício Conselho Justiça e Paz, Dom Mario Toso, na qualidade de líder da Delegação da Santa Sé, durante a Conferência de Alto Nível sobre Tolerância e Não Discriminação, promovida pela Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) em Astana, no Cazaquistão.

Durante o recente encontro com a Cúria Romana para apresentar votos de Feliz Natal, o Papa também foi enfático ao abordar o problema: “Na situação atual, os cristãos são a minoria mais oprimida e atormentada”, ressaltou.

Segundo dados da agência missionária de notícias Fides, vinculada à Congregação para a Evangelização dos Povos, cerca de 75% das perseguições registradas por motivos religiosos têm como alvo os cristãos.

As motivações para a perseguição são as mais diversas e variam de país para país. Naqueles onde a maioria religiosa é pertencente a outro credo, comumente o islamismo, o ódio religioso é a causa mais acentuada, como nos casos do Iraque e Paquistão, por exemplo.

Já as razões políticas estão presentes especialmente em países que adotam regimes esquerdistas, como a China e a Coreia do Norte, onde as comunidades cristãs já foram praticamente extintas.

“Na Coreia do Norte, podemos falar de um dos casos mais extremos de extermínio da comunidade cristã. Neste momento, a Igreja não tem clero, a prática do culto é impossível e a comunidade católica não excede 200 fiéis”, segundo dados da agência AsiaNews, especializada nessa área do mundo.

Cenário mundial
Os dados da última edição do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo – elaborado pela Associação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) – elencam ao menos 21 países com “graves restrições e/ou muitos episódios de intolerância social ou legal relativamente à religião: Arábia Saudita, Bangladesh, China, Coreia do Norte, Cuba, Egito, Eritreia, Iêmen, Índia, Irã, Iraque, Laos, Maldivas, Myanmar (antiga Birmânia), Nigéria, Paquistão, Somália, Sudão, Uzbequistão e Vietnã”.

Nas Américas, os problemas estão mais focados no embate político entre iniciativas governamentais/estatais e as demandas da hierarquia católica, pois há cada vez mais iniciativas que não reconhecem as ligações histórico-culturais entre o catolicismo e a maioria das nações da região. Aí entram as estratégias para legalizar amplamente o aborto e reconhecer legalmente a união civil entre casais do mesmo sexo, por exemplo. Também há o problema do assassinato de muitos padres católicos, especialmente no Brasil e na Colômbia, embora também haja episódios registrados no México e outros países.

Na África há dois cenários distintos. No Norte e Oriente Médio, o grupo de países com maioria muçulmana apresenta problemas, motivados especialmente por políticas, legislações e mentalidade hostis generalizadas entre a maioria dos habitantes. Nesse sentido, os cidadãos plenos de direitos são aqueles que professam a religião dominante. Já as minorias, na melhor das hipóteses, são toleradas ou consideradas um perigo para a estabilidade social. Iraque, Irã, Arábia Saudita e Iêmen são os países em que o cenário de restrição da liberdade religiosa é mais preocupante. Enquanto isso, no Centro e no Sul, com raras exceções, a situação não apresenta problemas particulares. A maioria dos conflitos que geram situações trágicas surge devido a causas econômicas, morais e políticas.

Na Ásia, as diferentes condições religiosas, políticas e étnicas também produzem contextos distintos. Na região Oriental,além da proximidade física, os países também partilham da mesma base ideológica. A liberdade religiosa limitada acontece não devido à maioria religiosa intolerante, mas porque todos são regimes inspirados na escola de pensamento comunista, como, por exemplo, China, Laos, Mianmar e a República Popular Democrática da Coreia. Já o Centro e o Sul apresentam problemas com diferentes graus de variedade, tanto no que diz respeito à liberdade religiosa quanto aos direitos humanos, como é o caso do Uzbequistão, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Turcomenistão. Os países da região que apresentam com mais intensidade uma crescente violência com base religiosa e étnica são Bangladesh, Paquistão e Índia.

Na Europa, mais propriamente na região Ocidental,há situações semelhantes que derivam de problemas causados pela imigração islâmica e, também, da mentalidade secularista que se manifesta através de atitudes anticristãs, provenientes até mesmo de instituições europeias. Podem ser destacados os recentes casos da Espanha – o secularismo agressivo resulta em leis que questionam a presença de símbolos religiosos em locais e edifícios públicos, e há também as polêmicas aulas de “Educação para a Cidadania”, a Lei dos Cultos e a sobre objeção de consciência –, Bélgica – incluindo buscas na sede da Conferência Episcopal – e Itália – uma sentença da Corte Europeia dos Direitos Humanos proibiu a exibição de crucifixos na sala de aula, mas o governo italiano recorreu. Por outro lado, o cenário de secularismo tem se abrandado na França, a situação é tranquila e melhora na Hungria, Grécia e Rússia.