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Aparecida | SP

Bispos definem a criação de uma Rede Católica de Comunicação no Brasil

No penúltimo dia do Seminário de Comunicação para os bispos do Brasil (SECOBB), 15 de julho, os prelados destacaram a importância dos meios de comunicação católicos e incentivaram a criação de uma Rede Católica de Comunicação no país.
Durante o debate, o arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, sugeriu que os veículos católicos de comunicação tivessem programas em rede, de forma a transmitir a voz oficial da Igreja, especialmente no que se refere aos assuntos que precisam ser esclarecidos para a população. A proposta se tornou consenso e também foi defendida pela CNBB.

Segundo informa a nota da Arquidiocese do Rio, onde o seminário aconteceu, a mesa redonda, que foi moderada pelo arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, teve lugar na tarde de quinta-feira e contou com a participação de representantes de diversos veículos católicos: TV Aparecida, Canção Nova, Horizonte, Rede Vida, Século 21, Terceiro Milênio e SIGNIS – Associação Católica de Comunicação.

“Já avançamos muito e precisamos continuar caminhando, progredindo dentro dessa mentalidade de comunhão e parceria, pois o nosso objetivo é o mesmo: anunciar o Evangelho. Temos diversos carismas e maneiras diferentes de transmitir a mensagem cristã, mas é essa mesma mensagem que nos une”, afirmou o presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida, cardeal Raymundo Damasceno.

O presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, também acredita que a transmissão em rede do posicionamento oficial da Igreja será uma referência para a população.

Por sua parte, o presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, dom Claudio Celli, também chamou a atenção para a necessidade dessa comunhão eclesial.

“Creio que, a partir de agora, os Bispos estarão mais motivados a incentivar a criação e ampliação da Pastoral da Comunicação (Pascom) em suas paróquias e comunidades, especialmente, no investimento e na valorização dos agentes da Pascom, afirmou também Dom Damasceno.

ENCERRAMENTO
Uma série de palestras marcou o encerramento do 1º Seminário de Comunicação para os Bispos do Brasil (SECOBB), sábado, 16, no Centro de Formação Sumaré, no Rio de Janeiro. O evento, que começou na terça-feira, 12, reuniu mais de 60 bispos de todo o país e foi promovido pelo Pontifício Conselho para as Comunicações Socias, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Pouco antes de terminar, o Seminário teve a visita do padre Zezinho, que ontem foi homenageado na PUC-Rio, pelos seus 70 anos, com um show que contou com a presença participantes do SECOBB. Pe. Zezinho falou aos bispos da necessidade de investimento em comunicação na Igreja.

“Comunicação precisa de investimento econômico e de pessoas capacitadas”, disse. Ele criticou a presença de “pregadores da fé” que estão na mídia “despreparados” e pediu que os bispos sejam exigentes com os comunicadores cristãos.

“Está havendo muitos deslizes doutrinários nas canções e nas mídias. Está faltando doutrina e catequese. Estamos na época da excrescência em que o mensageiro está maior que a mensagem. Desta forma não há Igreja que resista”, observou. “Sejam exigentes com seus comunicadores. O pregador da fé tem que aceitar controle”, acrescentou.

CONFERÊNCIAS
Os bispos tiveram uma manhã cheia antes do encerramento do Seminário. Foram quatro palestras após a missa presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, às 7h, na capela do Centro de Formação Sumaré.

FERRAMENTAS
O consultor educacional, Ricardo Quaresma Chagas (v. foto), apresentou o projeto “Caixa de Ferramentas”, que visa ajudar os jovens a usarem de forma adequada as diversas mídias. Com um ônibus equipado com estações de TV e rádio via web, tablets, laptops e projetor de vídeo, Chagas promove atividades em ambientes como shoppings, igrejas e escolas. Seu objetivo é levar os jovens a usarem as novas mídias de forma cidadã e responsável.

“O material tecnológico não gera vínculo porque é individual. No espaço virtual é que os jovens colocam a realidade deles. A geração digital não tem vida real: não namora, não brinca, não sabe conversar. A juventude não está perdida, mas desamparada”, considerou.

DESAFIOS
O padre Gildásio Mendes dos Santos (v. foto), falou sobre os desafios da comunicação institucional da Igreja no contexto da cultura midiática. Ele defendeu que a verdadeira mudança na sociedade atual não é tecnológica, mas humana.

“A mudança não é uma revolução digital, tecnológica, mas relacional”, afirmou. “A mudança humana e relacional na era das novas tecnologias está arraigada na força dos valores percebidos e novo estilo de vida. Neste novo contexto, surgem novas oportunidades para aproximar, dialogar e interagir para evangelizar as novas gerações institucionalmente”, completou padre Gildásio.

RIIAL
A coordenadora da Rede de Informática da Igreja na América Latina (RIIAL), Leticia Saberon, expôs para os bispos a finalidade e o trabalho da RIIAL. De acordo com a coordenadora, na Igreja, é preciso abandonar o trabalho individual e partir para o trabalho em rede.

“Um grande inimigo da comunhão é o individualismo pastoral”, sublinhou. Ela destacou a importância da comunicação interna da Igreja. “A comunicação interna expressa a comunhão que está no coração da Igreja, favorece uma ação harmônica das áreas de trabalho e evita a sensação de exclusão”, acentuou.

Segundo Letícia, a RIIAL nasceu em 1987 para facilitar a comunicação entre os bispos e depois se expandiu para os países. “A RIIAL tem quatro pilares: chegar aos últimos, ser mesa comum onde todos colocam o que têm, ter tecnologia segundo a necessidade de cada um e não basta a tecnologia”, esclarece.

PASCOM
A última conferência da Seminário foi sobre a Pastoral da Comunicação, proferida pela professora Rosane Borges (v. foto), e Irmã Élide Fogolari, assessora da Comissão Episcopal para a Comunicação Social, da CNBB, organizadora do evento.

Rosane defendeu que a Pastoral da Comunicação deve estar afinada com as reflexões e teorias da comunicação, tendo como base as orientações e documentos da Igreja. “É fundamental que as ações da Pascom sejam suportadas por fundamentos teóricos e éticos que orientem o agente de pastoral a ser um gestor importante dos processos comunicativos na comunidade”, disse.

Um dos desafios da Pascom, segundo Rosane, é tirar a informação e a comunicação do império da tecnologia. “Pensar a passagem da informação à comunicação significa destecnologizar a comunicação, recolocando a técnica no seu devido lugar”.

Já irmã Élide acentuou que a Pascom não é mais uma pastoral, mas serviço de comunhão. “Pascom é o eixo transversal de toda a ação pastoral da Igreja. Ela permeia as demais pastorais”, explicou.