Quais foram os milagres de Nossa Senhora Aparecida?
Os milagres de Nossa Senhora Aparecida são conhecidos no mundo todo e fortalecem a fé de milhões de pessoas. Afinal,...
Bárbara Maix /Imagem: Divulgação – CNBB
Aproximadamente um mês após o anúncio da abertura do processo de canonização de Bárbara Maix, a Igreja no Brasil celebra nesta quarta-feira, 6, a memória litúrgica da beata. A data, estabelecida em 2010 pelo Papa Bento XVI, também recorda os 9 anos da beatificação da religiosa, que nasceu na Áustria, mas que viveu sua vocação e missão no Brasil, dedicando-se aos pobres, em especial às crianças e adolescentes órfãos.
Para a diretora geral da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, Irmã Marlise Hendges, celebrar a memória de Madre Bárbara é uma ação de gratidão a Deus. “Desde 2010, quando tivemos a graça de celebrar a beatificação de Bárbara Maix, o dia 6 de novembro tem sido ocasião de louvar e bendizer a Deus, pela vida e obra da beata. Como Igreja Peregrina, reconhecemos e celebramos a ação de Deus, manifestada de modo extraordinário, na vida de Bárbara Maix. Ela viveu e testemunhou a santidade”.
No Rio Grande do Sul, onde está a Sede Geral da Congregação, as Irmãs e as comunidades celebrarão a memória de Bárbara Maix com peregrinação e missa. Nesta quinta-feira, 6, haverá Missa na Catedral Metropolitana de Porto Alegre, às 18h30min, no centro da capital gaúcha. No domingo, 10, no distrito de Santa Lúcia do Piaí, Caxias do Sul/RS, será realizada a 10ª peregrinação ao monumento, que retrata o milagre de Deus por intercessão de Bárbara Maix – a cura do menino Onorino Ecker, que teve a saúde restabelecida, após sofrer queimaduras em todo corpo. Centenas de fiéis são esperados para o evento.
Fiéis celebram a beata Madre Bárbara Maix em Santa Lúcia do Piaí/ Foto: Magnus Regis – Divulgação ICM
A retomada da causa de canonização ocorreu em outubro passado e foi anunciada pela Diocese de Caxias do Sul (RS). Dom José Gislon nomeou o tribunal eclesiástico que investigará um presumido milagre atribuído à religiosa. O pedido de canonização foi apresentado pela Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, fundado por madre Bárbara Maix, e aceito pelo bispo de Caxias do Sul.
“É a primeira vez que temos na história da nossa diocese a abertura de um processo de canonização. Faremos isso com muita alegria, porque ela nos dá um testemunho muito bonito de amor e caridade. Uma pessoa que veio de uma terra estrangeira e aqui se inculturou e assumiu a realidade dos mais abandonados, dos que estavam à margem da sociedade. Ela consumiu sua vida por amor às causas do Evangelho, por amor ao ser humano em nome do Evangelho”, afirmou Dom Gislon.
De acordo com o bispo de Caxias do Sul, a diocese deseja apoiar o processo de canonização de Bárbara Maix, para que a fase diocesana seja encerrada o quanto antes e o processo possa ser continuado na Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano. “O suposto milagre que está sendo investigado aconteceu na vida de uma pessoa de nossa diocese, assim como o processo de beatificação, em que uma pessoa da nossa paróquia foi agraciada por um milagre”, contou.
Natural de Viena, Áustria, Bárbara Maix nasceu no dia 27 de junho de 1818. Caçula de 9 filhos, Bárbara teve sua infância e adolescência marcadas por sequelas do tifo e privações, o que lhe causou debilidade orgânica. Dos pais a beata herdou a fé cristã, o espírito de fortaleza e perseverança diante dos desafios.
Desde a juventude, Bárbara captou a realidade que a cercou e manifestou ânimo missionário e profético. Vendo a situação social de desemprego e percebendo que o maior número de crianças nascidas era oriundo de mães solteiras, Bárbara fundou um pensionato visando à orientação e assistência a jovens desempregadas e empregadas domésticas, prevenindo-as da prostituição e demais desigualdades sociais.
Em torno da jovem Maix se reuniram outras jovens com espírito de oração e solidariedade. Com elas, iniciou o Projeto das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, inspirado no modo de ser das primeiras comunidades cristãs, desejando dedicar-se também à educação de crianças. A situação social, política, cultural e religiosa de Viena e de toda a Europa era de tensão e conflito pela difusão das ideias liberais. Durante a revolução de 1848, que tinha como base a Revolução Francesa, moveu-se uma verdadeira perseguição às Ordens Religiosas. As leis proibiam novas fundações e a entrada de novos membros. Essa situação fez com que Bárbara e suas 21 companheiras aceitassem a proposta de saírem do país.
As jovens pretendiam estabelecer-se na América do Norte, porém, enquanto aguardavam, no Porto de Hamburgo, um navio que as transportasse para lá, aportou um navio mercantil, que tinha como destino o Brasil. Bárbara compreendeu ser esta “a vontade de Deus”. Partiram. Chegaram ao Rio de Janeiro em novembro de 1848 e, em 1849, fundaram a congregação religiosa no Brasil e colocaram-se a serviço da população.
Bárbara educou meninas brasileiras, assumiu asilos – onde acolheu órfãos e pobres, e abriu pensionatos para jovens estudantes. Por ocasião das epidemias do cólera e febre amarela, bem como durante a Guerra do Paraguai, assumiu atividades em enfermarias e hospitais. Bárbara não aceitava que pessoas trabalhassem em condição de escravas. Na congregação, todas realizavam os mesmos serviços e tinham os mesmos direitos.
As Ordens Religiosas eram de estilo contemplativo, viviam como em claustros. Bárbara apresentou uma inovação: uma forma de Vida Religiosa Consagrada com dinamismo missionário, que une fé e serviço social. Esse modelo de Vida Religiosa era novo para a Igreja e para o Estado.
A beata faleceu no dia 17 de março de 1873, deixando como herança o grande exemplo de “perdoar sempre, com todo gosto e consolo do Coração” e o amor à Verdade.