Na Catequese desta quarta-feira, 9, o Papa Bento XVI falou sobre a figura do holandês São Pedro Canísio, jesuíta, doutor da Igreja, e um dos protagonistas da vida eclesial no século XVI, particularmente na Alemanha.
O Papa explicou que a vida cristã cresce graças à oração e a uma profunda amizade com Jesus. Da mesma forma, convidou os fiéis a seguir o exemplo de São Canísio, lutando para ter uma vida moralmente coerente para viver com fidelidade a própria adesão a Cristo.
“A vida cristã não cresce se não é alimentada pela participação na Liturgia, de modo particular na Santa Missa dominical, e pela oração pessoal cotidiana. Em meio às diversas atividades e aos múltiplos estímulos que nos circundam, é necessário encontrar todo o dia momentos de recolhimento diante do Senhor, para escutá-Lo e falar com Ele”, salientou.
O Santo Padre indicou a amizade pessoal com Jesus como uma característica da espiritualidade de São Canísio. “E isso recorda-nos que todo o autêntico evangelizador é sempre um instrumento unido, e por isso mesmo fecundo, com Jesus e com a sua Igreja”, afirmou.
Nessa perspectiva, o Pontífice lembrou que o santo holandês foi chamado a revitalizar a fé católica como resposta à reforma luterana, uma missão “quase impossível”, definiu.
“Por isso, nos escritos destinados à educação espiritual do povo, o nosso Santo insiste na importância da Liturgia com os seus comentários ao Evangelho, às festas, ao rito da Santa Missa e aos outros Sacramentos, mas, ao mesmo tempo, toma o cuidado de mostrar aos fiéis a necessidade e a beleza que a oração pessoal cotidiana possui nesse sentido e permeia a participação no culto público da Igreja”, explicou.
A sua exortação a colocar a oração no centro da vida de fé foi proposta novamente pelo Concílio Vaticano II, em particular na Constituição Sacrosanctum Concilium. “Não pode haver alma solícita da própria perfeição que não pratique diariamente a oração, a oração mental, meio ordinário que permite ao discípulo de Jesus viver a intimidade com o Mestre divino”, defendeu.
Com relação aos difíceis anos da Reforma Protestante, o Papa explicou que São Canísio teve a sensibilidade de distinguir a apostasia consciente e culpável da perda de fé inculpável, chegando a declarar que a maior parte dos alemães que passaram ao protestantismo o fizeram sem culpa.
“Ele ensina com clareza que o ministério apostólico é incisivo e produz frutos de salvação nos coração somente se o pregador é testemunha de Jesus e sabe ser instrumento á sua disposição, a Ele estreitamente unido pela fé no seu Evangelho e na sua Igreja, através de uma vida moralmente coerente e de uma oração incessante como o amor. E isso vale para todo o cristão que deseja viver com compromisso e fidelidade a sua adesão a Cristo”, subinhou.
Bento XVI também disse que São Canísio foi um dos primeiros a formular o direito à liberdade religiosa.
“Em um momento histórico de fortes contrastes confessionais, evitava – isso era algo extraordinário – a aspereza e a retórica da ira – algo raro naqueles tempos nas discussões entre cristãos, tanto de uma quanto de outra parte – e buscava somente a apresentação das raízes espirituais e a revitalização de todo o corpo da Igreja”.